06/10/2009

Tradução do The Beatrice Letters, Carta nº 2

Quarta-Feira
Querido Senhor,

      Não tenho como saber se essa carta vai chegar a você, já que a distância entre nós é tão grande e tão dificultosa. Este pequeno pedaço de papel deve cruzar montanhas e cafeterias, em porta-malas de automóveis e em bolsos impermeáveis de nadadores de longa distância, dentro de envelopes e dobrado dentro de cisnes, a fim de tomar o caminho do seu pequeno e empoeirado escritório no décimo terceiro andar de um dos nove edifícios mais sombrios da cidade. Tudo o que eu posso fazer é esperar pelo melhor, mas esperar pelo melhor, assim como esperar que um morcego obedeça suas ordens, quase sempre leva ao desapontamento. E mesmo se essa carta chegar até você, não tenho certeza de que chegará à pessoa certa. Talvez você não seja quem eu penso que é-–existem muitas pessoas, afinal, com as mesmas inicias que alguém, assim como há provavelmente três ou, no mínimo, uma outra pessoa com as mesmas iniciais que eu.     Talvez você também pense que eu sou outra pessoa, e faça uma anotação suspeita na margem, me acusando de ser uma vilã ou coisa parecida.
     Por anos e permaneci quieta, sentindo todas  minhas palavras se contorcendo e se emaranhando dentro de mim como uma linha, enquanto procurava desesperadamente por alguém que pudesse me auxiliar. Agora , devo desatar “Meu Nó Silencioso” e escrever para um homem que nunca vi, mesmo que ele não seja o homem que procuro, e mesmo que eu esteja procurando pelo homem certo no lugar errado, ou pelo homem errado no lugar certo, ou ambos, ou nenhum, ou ambos ambos e nenhum.
     Pelo que me falaram, você pode ser a única pessoa capaz de me ajudar. Me falaram que você é um tipo de detetive—ou, pelo menos, me disseram que a palavra “detetive” está pintada na porta do seu escritório. Me falaram que você guarda para tudo para si e raramente fala com alguém, e nas raras ocasiões em que se envolve numa conversa, você nunca discute seu passado, mas pode ser encontrado ocasionalmente em uma livraria, folheando do começo ao fim as seções de crítica teatral em jornais velhos. No entanto, espero que você discuta seu passado comigo. Espero que me conte uma história que começou há muitos anos atrás, no que me falaram ser uma espécie de sala de aula. Espero que você seja quem penso que é, e espero que você ainda esteja no seu escritório, e que essa carta chegue a você. Resumindo, espero pelo melhor.
   Meu nome é Beatrice Baudelaire. Estou procurando pela minha família—Violet Baudelaire, Klaus Baudelaire e Sunny Baudelaire. Por favor, me contate a qualquer hora, dia ou noite.

Beatrice Baudelaire

PS. Dia seria melhor, pois meu horário de dormir é cedo.

Nota1.: “Meu Nó Silencioso” em inglês é "My Silence Knot", um anagrama de Lemony Snicket e também o título de um soneto no final do livro.
Nota2.: Havia uma anotação suspeita na margem: E.?

Um comentário:

  1. Anônimo2/11/2012

    Aqui é novamente J.L.

    Beatrice Baudelair I não morreu no incêndio que destruiu sua casa. Esta carta foi escrita por ela.
    Provas: A carta faz referência a utilizar morcegos para fins não convencionais (uma expressão que aqui significa "entregar correspondências secretas"), e como é bem conhecido, Beatrice Baudeliar I completou seu treinamento como Baticieer. Além disso, ela fala sobre como se sente há muito tempo:
    "Por anos eu permaneci quieta, sentindo todas as minhas palavras se contorcendo e se emaranhando dentro de mim como uma linha, enquanto procurava desesperadamente por alguém que pudesse me auxiliar." Ela guarda um segredo que envolve Lemony. E por fim, ela usa a frase “Meu Nó Silencioso”, referente ao poema que estava atrás da programação da apresentação artistica feita por Beatrice I há muito tempo.
    Pode-se concluir que Beatrice I, no momento da escrita dessa carta, estava em perigo nas montanhas, assim como os trigêmeos caguimire estão agora. Os filhos dela sumiram novamente. Esta carta foi escrita antes de Beatrice I se transferir seu escritório para o apartamento acima do de Lemony.

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