19/10/2009

Tradução do The Beatrice Letters carta nº 7

Beatrice,
Esta carta foi erroneamente entregue a mim. Claramente, os gatos precisam de mais treino! Espero que você esteja bem. R.


LEMONY SNICKET

2 semanas após minha última carta
Minha querida Beatrice,

    Repórteres estão vindo de toda parte de Tedia até Paltryville, pois as performances de “My Silence Knot” (meu nó silencioso) estão esplêndidas e sua performance como “Baticeer” foi a melhor do show, superando até a performance do homem-das-montanhas. Mais importante, repórteres estão vindo de toda parte de T até P., pois você reuniu quase todas as evidências que nós precisamos. Permita-me parabenizar você e seu coadjuvante pela performance na excursão.
    Mas devo admitir que sinto terrivelmente sua falta. O mundo é muito quieto sem você por perto. Vou dormir cedo e acordo tarde, e sinto como se mal tivesse dormido, provavelmente porque tenho lido quase todo o tempo. Me arrasto para minha mesa todas as manhãs, mas não consigo nem mesmo argumentar com E. ou com G., e à tarde não consigo me lembrar de chamar L. de “O.” ou de chamar O. de “L.”, e à noite eu jogo cartas, mas minha mente nunca está no jogo e sim em você, então R. tem ganhado grande parte da minha coleção de canetas. Com você longe é como se todas as letras da minha vida estivessem misturadas num anagrama, e eu não serei capaz de colocá-las em ordem até que você volte. Nunca mais quero me separar de você, Beatrice, exceto quando for ao banheiro, no trabalho, e quando um de nós quiser ver um filme que o outro não queira ver.
    Fiz uma reserva no nosso lugar usual para uma “root beer floats” depois da sua performance de chegada. Há algo que quero muito te perguntar, mas não perguntarei isso numa carta – particularmente uma carta que vou tentar entregar à noite, por meio de um roedor voador. Enquanto isso, incluí alguns sonetos que escrevi sobre as noites que passamos juntos.
Sinto sua falta. Vejo você em algumas semanas.

LEMONY SNICKET

Tradução do The Beatrice Letters carta nº 6

4 horas da tarde
Querido Sr,

     Finalmente te encontrei – mas você não está aqui. Os pastores me contaram que um homem com as mesmas características que você (altura média, não careca, totalmente vestido e com as iniciais L.S.) morou nas montanhas por alguns meses como um “homem-brae’’, umas frase que aqui significa “um homem que mora nas montanhas”. Eles disseram que você raramente se aventurava a sair de uma pequena caverna – “como se estivesse esperando por alguém,” disse o mais velho dos pastores, enquanto tocava seu sino para chamar as ovelhas e me olhava muito cuidadosamente nos olhos. Eu troquei um anel que estava usando, gravado com a inicial de uma pessoa que eu acho que você conheceu, por uma visita à caverna. Não sei o que terei para negociar em troca de ter esta carta enviada.
     Sua caverna é um lugar miseravelmente sem corrente de ar, infestada de morcegos e decorada com um papel de parede horroroso. Seja lá o que for que você tenha trazido aqui, levou consigo quando partiu – a única coisa que achei aqui foi esse pedaço de papel no qual estou escrevendo esta carta. No fim da folha há uma única letra, a qual me informaram ser sua caligrafia/letra – outra letra para a minha coleção, incluindo as letras das suas iniciais, as cartas que encontrei no seu escritório, e as cartas que te escrevo, sempre sem saber se você as recebe.
     Esta tem sido uma longa e difícil jornada. Exceto pela baleia, tenho viajado sozinha e, agora, depois de seguir o caminho que você deixou para mim em seu escritório – se aquele for mesmo o seu escritório, e se você tiver deixado aquele caminho mesmo para mim, e se você for quem acho que é – tudo o que consegui ficar sabendo foi o que você disse quando deixou esta caverna numa Quarta-Feira à noite, assim que a estação da chuva de granizo começou.
     “Estou pronto para uma ‘root beer float”, foi o que você disse, e eu estou também. Eu voltarei para a cidade, onde me disseram que fazem as melhores “root beer floats” numa certa loja, embora eu tenha esquecido o nome, a localização e a lista de preços da loja em questão. E é por isso que é tão importante pra mim que eu encontre minha família. Com o tempo, muitas memórias desaparecem. Violet amarrando seu cabelo em uma fita para mantê-lo longe dos olhos, Klaus lendo um livro através de seus óculos, Sunny aparecendo na rádio para discutir suas receitas – não quero que essas sejam minhas únicas lembranças das três pessoas mais importantes da minha vida. Por favor, senhor, contate-me a qualquer hora, dia ou noite, enquanto sigo meu caminho para onde, eu espero, o senhor está se deliciando com um refresco.

Beatrice Baudelaire.
K

Tradução do The Beatrice Letters, carta nº 5

LEMONY SNICKET
Aniversário de Scriabin
Querida Beatrice,

     Enfim, tenho um tempinho para te escrever, já que Eleanora Poe não está no escritório e, portanto, não está “olhando por cima do meu ombro”. Quando eu disse ao diretor que estava interessado em retórica e que pensei que talvez gostaria de trabalhar voluntariamente no jornal, nunca me ocorreu que eu poderia ser o revisor gramatical de obituários—e agora, que me vejo estrelando essa manchete desafortunada, percebi como eu gostaria de ter te seguido na carreira teatral.
     Madame Poe me disse para nunca revelar qualquer informação que eu encontrasse antes da mesma ser publicada no Pundonor Diário, mas não posso ajudar em nada além de compartilhar o obituário que estava me esperando em minha mesa hoje de manhã, embaixo do peso de papel do Lago Lacrimoso que I. me deu de presente de formatura.
     “A Duquesa de Winnipeg está morta” é o que dizia o obituário. Uma carta pode mudar tudo.
     Pobre R.! Não posso imaginar o quão triste ela está por perder sua mãe. Ela é uma órfã agora—e a nova Duquesa de Winnipeg, com todos os privilégios e perigos de tal posição. Isso também significa que J. será transferido(a) para a Coluna Econômica, o que significa que G., aquela garota tola, será a nova editora de moda, o que significa que a posição de crítico teatral provavelmente será dada a mim. Como se percebe, os próximos meses serão difíceis para todos nós.
     Eu sei que em tempos como esse nós deveríamos estar pensando em nossa organização, e no que nós podemos fazer para proteger nossos voluntários, mas só consigo pensar em você. Teremos que ser mais cuidadosos durante nossas tardes juntos. Devemos ficar afastados e de janelas abertas, mesmo quando estivermos do lado de fora, e devemos checar cuidadosamente em baixo das camas, mesmo quando não houver ninguém dormindo nelas. Você deve evitar comidas suspeitas nos restaurantes, particularmente se forem a especialidade da casa, e eu deverei sentar somente em alguns bancos do parque quando resolver ler os sonetos que você me manda.
     Quando as pessoas estiverem lhe aplaudindo ao final da performance de sexta, estarei sentado na primeira fileira, mas não tente falar comigo. Assim que os aplausos terminarem, deixe um de seus palitos de fósforo no palco. Esse será o seu sinal para mim de que é seguro nos encontrarmos no lugar de sempre para a nossa “roat beer float” da meia noite. Tenho certeza de que a apresentação correrá bem, mas espero que você nunca mais precise usar aquela fantasia de borboleta de novo.
     Sinto sua falta. Vejo você em alguns dias.

Lemony Snicket.




O Palito de Fósforo

Tradução do The Beatrice Letters, carta nº 4

28 de Fevereiro

Querido Senhor,

     Estou escrevendo isso na máquina de escrever do seu pequeno e empoeirado escritório, no 13º andar de um dos nove edifícios mais sombrios da cidade. É uma sala monótona, mas tem uma vista interessante. Se eu me recostar nessa cadeira—sua cadeira, se eu não estiver enganada— consigo ver um lote vazio no qual algumas plantas exóticas brotaram. Levam anos para a terra se recuperar de um incêndio, mas mesmo nas cinzas mais escuras eventualmente alguma coisa pode crescer.
     Você não está aqui, mas eu acho que sei onde estás graças a algumas pistas que descobri. Por exemplo, pregado na parede direita há um mapa enorme, com um caminho marcado com linha e alfinetes. Adicionalmente, há notas indicando hotéis, lugares escondidos, escritórios de lugares que alugam carros, sinagogas, bibliotecas públicas, bibliotecas particulares, restaurantes, cafés, buffets com tudo o que se pode comer e cinemas, cada lugar marcado com uma data e um horário. Ou sou uma detetive muito boa, ou você é péssimo em esconder coisas—ou, talvez, queira que eu vá onde você está.
     A caixa de madeira na qual se lê “cartas” em cima da sua mesa está cheia de cartas. Mas todas elas estão misturadas, e não consigo determinar o que elas diriam se as colocasse na ordem apropriada. A única carta faltando é a que te mandei. Ou ela nunca chegou, ou você a levou junto com você.
     Por favor, Sr., preciso falar contigo. Tenho ouvido rumores de sua perseguição e tenho dúzias de perguntas assim como uma ou duas críticas construtivas. Estou partindo dessa cidade, apenas algumas horas após tê-la visto pela primeira vez, para seguir seu caminho de linha e alfinetes. Estou indo na direção das montanhas, para que eu possa encontrar, depois de todos esses anos, os três irmãos que são a única família que eu tenho. Sem Violet, Klaus e Sunny, sou uma órfã—uma órfã que vai deixar essa carta aqui, no caso de nos desencontrarmos.

Beatrice Baudelaire.


PS. Este peso de papel é muito bonito, no entanto não posso dizer se representa uma cobra, um verme ou uma serpente elétrica.




O Peso de Papel

12/10/2009

Tradução do The Beatrice Letters, carta nº 3


Ano da Cobra
Querida Beatrice,

     Estou te escrevendo esta carta, como sempre, sem nenhuma razão especial, e vou tentar fazer R. entrega-la para que você possa lê-la antes de nos encontrarmos para a prática de esgrima. É fácil escrever cartas durante a aula de Código, enquanto o tedioso e “pé-chato” instrutor simplesmente murmura as mesmas lições sobre cartas de negócios. Ele provavelmente ficará zumbindo assim pelos muitos anos que estão por vir.
     Enquanto isso, pessoas sortudas como você estão na aula de teatro. Posso ouvir você dando voltas no telhado de madeira que range acima de mim.
  Você e R. estão provavelmente aprendendo a disfarçar mensagens codificadas em diálogos melodramáticos enquanto escrevo isso. Só conheço um outro estudante nessa classe: O., que não é nada mais do que irritante. Enquanto escrevo isso, ele está enchendo seu caderno com anagramas de palavras obscenas. Estou tentado dizer pra ele que não existe nada parecido com um “vipper”molhado permanentemente, mas depois do incidente com a garrafa de tinta e a root beer floats, acho que é melhor gastar o meu tempo no “My scilence Knot” quando aquele tolo levantar sua cara feia com uma única sombrancelha.
     Estou ligeiramente empolgado com a excursão que está por vir. Sei que você e R. serão parceiras de alpinismo, mas espero que junte-se a mim algumas horas explorando cavernas. Minha irmã me disse que há morcegos para serem encontrados lá, e eu adoraria passar algum tempo com uma certa “baticeer”(treinadora de morcegos) . Não importa onde estivermos—muito longe nas montanhas ou lá embaixo na cafeteria, nadando no oceano ou nos escondendo em carros— gosto de estar com você, e sinto a sua falta quando não estou.
     Sinto sua falta. Te vejo em algumas horas.

Lemony Snicket

Nota:
S.,
Como você deve ter reparado, há algumas palavras no texto que eu não consegui traduzir. Mas considere que eu não tenho a ajuda de I. neste momento e não posso pedir auxílio a M. porque ela ainda está lendo o 10º livro.
Abraços,
Isadora Viena Velse
P.S.: “baticeer”além de treinadora de morcegos é um anagrama de Beatrice:

B E A T R I C E
B A T I C E E R

08/10/2009

Carta para S.

S.,

Achei uma ilustração interessante... Supostamente mostra Jacques e Quigley na Sala dos Répteis do Tio Monty.Tire suas próprias conclusões, mas me parece que não é uma ilustração do Brett Helquist.

"Aqui o Mundo é Sereno"(ou, pelo menos, quase sempre)

Sua amiga,

Isadora Viena Velse (mais conhecida como V.)

06/10/2009

Tradução do The Beatrice Letters, Carta nº 2

Quarta-Feira
Querido Senhor,

      Não tenho como saber se essa carta vai chegar a você, já que a distância entre nós é tão grande e tão dificultosa. Este pequeno pedaço de papel deve cruzar montanhas e cafeterias, em porta-malas de automóveis e em bolsos impermeáveis de nadadores de longa distância, dentro de envelopes e dobrado dentro de cisnes, a fim de tomar o caminho do seu pequeno e empoeirado escritório no décimo terceiro andar de um dos nove edifícios mais sombrios da cidade. Tudo o que eu posso fazer é esperar pelo melhor, mas esperar pelo melhor, assim como esperar que um morcego obedeça suas ordens, quase sempre leva ao desapontamento. E mesmo se essa carta chegar até você, não tenho certeza de que chegará à pessoa certa. Talvez você não seja quem eu penso que é-–existem muitas pessoas, afinal, com as mesmas inicias que alguém, assim como há provavelmente três ou, no mínimo, uma outra pessoa com as mesmas iniciais que eu.     Talvez você também pense que eu sou outra pessoa, e faça uma anotação suspeita na margem, me acusando de ser uma vilã ou coisa parecida.
     Por anos e permaneci quieta, sentindo todas  minhas palavras se contorcendo e se emaranhando dentro de mim como uma linha, enquanto procurava desesperadamente por alguém que pudesse me auxiliar. Agora , devo desatar “Meu Nó Silencioso” e escrever para um homem que nunca vi, mesmo que ele não seja o homem que procuro, e mesmo que eu esteja procurando pelo homem certo no lugar errado, ou pelo homem errado no lugar certo, ou ambos, ou nenhum, ou ambos ambos e nenhum.
     Pelo que me falaram, você pode ser a única pessoa capaz de me ajudar. Me falaram que você é um tipo de detetive—ou, pelo menos, me disseram que a palavra “detetive” está pintada na porta do seu escritório. Me falaram que você guarda para tudo para si e raramente fala com alguém, e nas raras ocasiões em que se envolve numa conversa, você nunca discute seu passado, mas pode ser encontrado ocasionalmente em uma livraria, folheando do começo ao fim as seções de crítica teatral em jornais velhos. No entanto, espero que você discuta seu passado comigo. Espero que me conte uma história que começou há muitos anos atrás, no que me falaram ser uma espécie de sala de aula. Espero que você seja quem penso que é, e espero que você ainda esteja no seu escritório, e que essa carta chegue a você. Resumindo, espero pelo melhor.
   Meu nome é Beatrice Baudelaire. Estou procurando pela minha família—Violet Baudelaire, Klaus Baudelaire e Sunny Baudelaire. Por favor, me contate a qualquer hora, dia ou noite.

Beatrice Baudelaire

PS. Dia seria melhor, pois meu horário de dormir é cedo.

Nota1.: “Meu Nó Silencioso” em inglês é "My Silence Knot", um anagrama de Lemony Snicket e também o título de um soneto no final do livro.
Nota2.: Havia uma anotação suspeita na margem: E.?

05/10/2009

Tradução do The Beatrice Letters, Carta nº 1

AS CARTAS DE BEATRICE
Lemony Snicket


(SUSPEITOSAMENTE LIGADO AO LIVRO DÉCIMO TERCEIRO)

LEMONY SNICKET
ESTUDANTE DE RETÓRICA

Sinto muito se te envergonhei na frente de seus amigos. Eu só queria falar com você. Você sempre pareceu uma pessoa interessante, e eu gostei muito do seu desempenho oral naquela história do soneto. Se você quiser passar o intervalo da tarde comigo, encontre-me fora do Portão Leste, por perto há um bom Café que serve root beer floats. Serei o garoto de onze anos vestindo uma gravata verde e um broche de nossa organização.

Portão Leste E Café

Se não há nada lá fora, o que foi aquele Barulho?

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